Existe um conceito no mundo do planejamento financeiro que é essencial para evitar gastos impulsivos e pensar nas melhores decisões para a sua empresa a longo prazo. Chamado de regime de competência, o não conhecimento dessa estratégia e suas diferenças do regime de caixa é o motivo principal para a falência de diversas empresas.
Se você quer aprender de uma vez o que é o regime de competência, suas vantagens e desvantagens, exemplos e até como implantá-lo, continue a leitura desse post feito especialmente pelo Grupo Brandili para empreendedores que querem montar uma loja de roupas!
O que é regime de competência
Regime de competência é, basicamente, um método que faz lançamentos contábeis no momento em que a transação acontece – o dia em que o pagamento ou o recebimento vai cair não importa. Veja como isso funciona na prática: imagine que você comprou uma mercadoria de R$5000 e a dividiu em duas parcelas: o registro de competência não vai apontar um gasto de R$2.500 no final desse mês e outro no próximo, e sim o valor total da compra na data em que ela foi feita.
No entanto, essa data não precisa necessariamente se referir a um dia, e sim a um período. É por isso que você pode ouvir frases como “o gasto aconteceu na competência de outubro de 2019” – isso significa que, em outubro, determinado gasto foi processado, independente se a sua fatura caiu somente no mês seguinte.
Quer entender agora por que esse controle seria relevante para a sua empresa? Então veja quais as diferenças existentes entre esse e o outro regime mais popular do setor:
Regime de competência x regime de caixa
Vamos explicar esse tópico com mais um exemplo: imagine que você se deu de cara com um anúncio ‘imperdível’ de uma viagem no fim do ano para a Bahia cujo preço total de mil reais pode ser dividido em 10 parcelas de R$100,00 no cartão de crédito. Você prontamente aceita a proposta e começa a pagar, pois acredita que esse valor nem vai pesar tanto assim no seu orçamento mensal.
Ou seja, você considerou apenas quanto dinheiro vai sair da sua conta para tomar uma decisão financeira, usando a linha de pensamento chamada de regime de caixa. O problema é que, por ser diluído em parcelas supostamente acessíveis, o valor real da compra é suavizado e você não percebe que, ao invés de apenas R$100,00, você assumiu uma dívida de R$1000,00.
Independente de quantas vezes foi parcelado, no momento em que o cartão foi passado, mil reais de sua conta passaram a se tornar propriedade da companhia de viagens. Essa forma de considerar o seu gasto a longo prazo, pensando em todos os meses que sofrerão o débito da compra, é a famosa estratégia de regime de competência.
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Porque usar o regime de competência
Sabia que existem diversos efeitos negativos ao não realizar o regime de competência na contabilidade? A má gestão de recursos a longo prazo, o acúmulo de dívidas e até a falência da empresa são as consequências mais comuns da falta de aplicação desse regime, e é aí que passamos a entender melhor porque é essencial levá-lo em conta no seu planejamento econômico.
Para descobrir mais a fundo qual a sua importância prática, vamos relembrar o conceito que define a riqueza: o patrimônio líquido de uma pessoa ou empresa é avaliado pela subtração entre o dinheiro que possui e o dinheiro que deve. Para calcular o primeiro valor, você deve considerar não apenas o que tem em mãos, mas todo o dinheiro que está para receber também, mesmo que a parcela só vá cair daqui um mês ou um ano.
E como você pode imaginar, o mesmo funciona para o segundo valor: as suas dívidas não incluem somente os pagamentos pontuais de hoje ou amanhã, e sim o valor total que foi prometido no momento da compra. A problemática é que muitas organizações perdem o controle desses valores, fazendo com que as dívidas cresçam mais do que os ganhos e seu patrimônio líquido chegue a valores mínimos perigosos.
É por isso que se deve usar o regime de competência: por fornecer uma visão realista e ampla da condição financeira atual e futura de sua empresa, a estratégia permite umcontrole muito mais assertivo dos gastos e economias que podem/precisam ser realizados, semelhante à ação da visão sistêmica.
Como calcular o regime de competência
Assim como no exemplo da compra de viagem que demos acima, o processo de venda funciona da mesma forma no regime de competência. Mesmo que você venda, por exemplo, um produto de R$1000,00 parcelado em 10 vezes, antes que sequer tenha recebido o primeiro pagamento o regime já soma esses mil reais no seu caixa.
Outra possível questão que deve ser analisada no contexto dos lojistas é a da antecipação de recebíveis do cartão de crédito. Esse é um recurso financeiro que adianta o recebimento de futuros valores, contribuindo para o cálculo antecipado de finanças que o regime de competência faz.
A solicitação desse recurso deve ser feita com o seu banco ou operadora financeira, mas é necessário uma atenção para a possível carga burocrática que pode vir. Algumas empresas dificultam ou até cobram por entregar as parcelas do crédito a sua loja antecipadamente, então o seu regime de competência precisa ser bem organizado para lidar com isso.
Sobre o lançamento e a documentação das transações: a data do regime de caixa é definida no momento em que a fatura terá de ser quitada, enquanto a data da competência é computada no momento exato em que houve um fato gerador da despesa ou lucro. Logo, o regime de competência é calculado considerando a quantia total do dinheiro que será ganhado ou perdido.
Pontos negativos do regime de competência
Como não existe perfeição quando se trata de planejamento financeiro, o regime de competência tem algumas desvantagens que você precisa saber, veja quais são:
- Execução difícil: por exigir que as transações sejam documentadas no momento exato de sua realização, é preciso que haja um controle muito preciso, exato e pontual que demanda esforço;
- Engessamento do fluxo de caixa: como o regime faz um planejamento de gastos antecipadamente e reserva o dinheiro necessário para pagar despesas futuras, o caixa pode ficar parado por um longo tempo;
- Deixar a situação atual passar: considerar receitas não pagas pode não ser tão benéfico em algumas situações que requerem um balanço da situação atual do caixa, pois gera expectativas falsas do dinheiro existente;
Nota-se que, apesar de serem empecilhos reais, esses pontos podem ser facilmente contornados ao fazer uma implantação conjunta do regime de competência com o de caixa, como a maioria dos especialistas já recomendam. Afinal, uma boa gestão é aquela que leva conta os mais diversos aspectos e analisa o melhor, não é mesmo?Se você gostou desse conteúdo e quer continuar aprendendo ou relembrando sobre conceitos de gestão empresarial, financeira e jurídica, fique de olho em nosso blog e Empreenda com a Brandili!